As Origens da Língua Alemã: Um Pouco de História
As Origens da Língua Alemã: Um Pouco de História
Artigo escrito pela professora Renata Ramisch
O alemão é a língua mais falada da União Europeia, não se limitando apenas à Alemanha. Com mais de 100 milhões de falantes nativos no mundo, você encontrará pessoas falando alemão na Áustria, em boa parte da Suíça, em Liechtenstein e Luxemburgo (países que têm alemão como língua oficial), e em regiões da Itália e da Bélgica.
Aqui no Brasil, em função da grande imigração alemã que ocorreu em meados do século XIX, ainda há comunidades falantes de alemão em várias cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, assim como no Espírito Santo e em outros pontos espalhados pelo país.
Mas de onde vem o alemão falado hoje? Neste artigo, você entenderá um pouco mais sobre as origens dessa língua. Vamos lá?
As línguas germânicas
Se você está aprendendo alemão, já deve ter percebido que há algumas semelhanças com o inglês. Pois não é à toa: ambos têm a mesma raiz linguística, ou seja, fazem parte do mesmo ramo da família de línguas indo-europeias — as línguas germânicas ocidentais. A ideia de famílias linguísticas busca agrupar línguas que possuem características semelhantes e que — acredita-se — têm a mesma origem.
Além do inglês, o alemão também apresenta semelhanças com o holandês, o ídiche e o africâner. Uma parte do vocabulário alemão deriva ainda do latim e do grego, assim como uma minoria vem do francês e do próprio inglês.
Os primórdios
Acredita-se que os primeiros ancestrais do que conhecemos como língua alemã tenham habitado a península onde hoje fica a Dinamarca (ainda que não haja evidências escritas disso).
É importante lembrar que essa língua era falada por várias tribos, que não formavam um povo unido e que, portanto, também não falavam um idioma único e padrão. O que existia era uma grande quantidade de dialetos, semelhantes em alguns aspectos.
Até hoje alguns desses dialetos são usados em certas regiões da Alemanha — e alguns deles são tão diferentes do alemão padrão, que dificilmente são compreendidos entre si.
O alemão passou por várias modificações fonéticas. A segunda delas (entre os séculos IV e VIII) é que teria dado origem à língua alemã moderna. Por volta do século X, tem-se então o alto alemão, um conjunto de dialetos sem nenhuma norma literária. Foi a partir desse alemão que surgiu a língua escrita (Schriftsprache). Outra corrente foi o baixo alemão, que deu origem ao holandês e ao flamenco. Em seu início, era considerado um idioma mais popular, que é a base de diversos dialetos.
O alemão de hoje
Um dos grandes responsáveis pela estruturação e unidade da língua alemã como a conhecemos hoje foi Martinho Lutero. Como precursor da Reforma Protestante, uma de suas obras mais importantes foi a tradução da Bíblia para o alemão, em 1521 (Novo Testamento) e 1534 (Velho Testamento).
Independentemente do caráter religioso, ele procurou usar em sua tradução uma variedade linguística bastante
falada e compreendida na época, já que o seu objetivo era que as pessoas fossem capazes de ler e compreender por si mesmas os ensinamentos bíblicos. Sua tradução procurou considerar o que o povo dizia e como dizia (Dem Volk aufs Maul schauen [Olhar “dentro da boca” do povo]).
Graças à invenção da imprensa, pelo também alemão Johannes Gutenberg, a tradução da Bíblia foi amplamente difundida, o que colaborou para a consolidação da língua alemã escrita conhecida hoje como Hochdeutsch (alemão padrão).
O primeiro dicionário alemão foi construído a partir de meados do século XIX, pelos Irmãos Grimm — os mesmos das histórias infantis, como Chapeuzinho Vermelho — e constava de 16 volumes. Eles não chegaram a terminar o trabalho, porque ambos faleceram antes, mas o dicionário foi finalmente concluído em 1961. Já a primeira gramática foi estruturada por Konrad Duden, em 1860 — o Duden Handbuch. A gramática Duden existe até hoje e é atualizada a cada cinco anos (a última é de 2013).
É claro que, desde então, o alemão sofreu diversas modificações e evoluções. A última reforma ortográfica ocorreu em 1998, com uma transição de 8 anos. Os dialetos perderam espaço, e muitos deles acabaram praticamente extintos, mas a língua alemã ganha cada vez mais importância no cenário político e econômico, tanto europeu quanto mundial.
O alemão no Brasil
A língua alemã foi trazida pelos imigrantes a partir de 1824. Esses imigrantes partiram de vários pontos, como as regiões do Hunsrück e do Palatinado, dando origem a diversos dialetos locais. Em função da distância, a língua aqui evoluiu de uma maneira completamente diferente da Alemanha, e suas variações são conhecidas como o alemão brasileiro.
Essas variedades representam uma língua minoritária que tem importância cultural grande, principalmente para os estados do Sul. Elas foram influenciadas pelo português e também pelo italiano. Estima-se que mais ou menos 3 milhões de pessoas falem a variedade Hunsrückisch, 1,5 milhão falem o alemão padrão ou o Pommersch, e cerca de 8 mil falem o Platdeutsch. Hoje esses dialetos fazem parte do patrimônio cultural brasileiro.
Durante o período da Segunda Guerra Mundial, foi instaurada uma forte repressão aos falantes de alemão e italiano, especialmente no Rio Grande do Sul, o que causou uma forte assimilação de comunidades teuto-brasileiras. No entanto, algumas famílias ainda mantêm a tradição e ensinam seus filhos a falar alemão desde pequenos!
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