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O incalculável cálculo da sua existência

O incalculável cálculo da sua existência

Sempre fui um entusiasta da genealogia. Talvez devido à falta de proximidade com minha família imediata, comecei a buscar respostas no passado. O que se iniciou como uma ferramenta para manter minha sanidade durante a pandemia, transformou-se em um poço imprevisível de conhecimento.

Tudo começou com a percepção de que, com o avanço da tecnologia, tudo o que somos, fazemos, comemos e com quem nos relacionamos será perpetuamente registrado na nuvem. Com as tecnologias que estão por vir, tudo indica que nossos bisnetos e tataranetos (x19) conhecerão em detalhes quem fomos e o que fizemos. Até nossas vozes terão registros como base. Contudo, e quanto ao passado? Faça um breve teste: qual é o nome do avô do seu bisavô? 99% das pessoas não saberiam responder. Alguns nem mesmo sabem o nome de seus próprios bisavôs. Essas pessoas simplesmente desapareceram. Não no sentido físico, mas na história. Parece que nunca existiram. Não é no momento em que o coração para de bater que se morre. É quando deixamos de ser lembrados.

Por esse motivo, decidi deixar um presente de memórias para meus descendentes: filhos, netos, bisnetos e seus sucessores. Comecei a construir uma árvore genealógica no MyHeritage, um local onde seria possível preservar a história de nossa existência familiar (ou, ao menos, chegar o mais distante possível). E assim comecei, comigo, a mãe deles e eles. Gradualmente, adicionei mais pessoas: avós, bisavós, primos, tios e outros. Cheguei ao ponto mencionado anteriormente. E agora? Como prosseguir com a pesquisa ascendente?

Para minha surpresa, encontrei um site incrível e totalmente gratuito chamado FamilySearch. Parece que ele abriga todos os registros de cartórios do Brasil. Com isso, tive acesso a certidões de nascimento, batismo e óbito de alguns antepassados. A cada certidão encontrada, chegava à geração anterior, visto que nelas constavam os nomes dos pais.

Após meses de busca, descobri uma árvore genealógica elaborada e alimentada por dezenas de pessoas, com ligações a parentes falecidos há 150, 200 anos. Surpreendentemente, em uma linha da família, cheguei ao ano de 800. Naturalmente, não engloba todos os indivíduos, mesmo ao subir apenas verticalmente (ignorando os 15 filhos de cada membro por geração). Devido ao crescimento exponencial (dois pais, quatro avós, oito bisavós, dezesseis trisavós, etc.), torna-se impossível completá-la integralmente.

Conforme avançava até o ano de 1200, deparei-me com registros históricos significativos. Pessoas relativamente famosas em suas épocas, reis, rainhas, duques, condes, e assim por diante. Essa tem sido uma jornada incrível. Foi somente quando me deparei com a história de Pedro e Inês que me dei conta de algo. A história de amor complexa, repleta de reviravoltas, violência e superação, influenciou diretamente minha existência. Se Pedro e Inês não tivessem lutado para ficarem juntos, mesmo contra a vontade do Rei de Portugal, eles não teriam tido filhos. Sem filhos, eu, quase 900 anos depois, não existiria.

Essa pequena amostra da Teoria do Caos demonstra que cada decisão que tomamos modifica muito mais do que o curso de nossas próprias vidas; pode alterar até mesmo o rumo da humanidade. A equação para a sua existência ultrapassa em muito o insondável cálculo de espermatozoides e óvulos de seus pais. Multiplique isso pela probabilidade de TODOS os nossos antepassados se encontrarem, no momento certo, se apaixonarem (ou não), terem filhos que tivessem sobrevivido (acredite, o número de natimortos no século passado era alarmante) – tudo isso SOMADO ao cálculo dos espermatozoides e óvulos se encontrando em cada um deles. Todos eles.

Por mais que isso possa parecer uma lição de motivação de botequim, a realidade é que você é um milagre. Se o mundo recomeçasse, com quase 99,99999999% de certeza, você não existiria.

Esse é, em minha opinião, o segredo subjacente à importância da família. Vai além do que nossos pais nos ensinam cotidianamente, abrangendo a ligação intrínseca de nossa existência com C-A-D-A indivíduo que possui um vestígio mínimo do nosso DNA. Reflita sobre isso antes de decidir se permanece em casa durante um dia chuvoso ou se aventura a correr à beira da praia, apesar do tempo. Quem sabe você possa encontrar alguém e, assim, influenciar o rumo dos próximos 1000 anos. As possibilidades são infinitas…

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Tags do artigo: árvore da família, árvore familiar, árvore genealógica, dna, existência, existencialismo, família, genealogia, histórico familiar,

Sobre o autor:

Raphael Lima

Raphael Lima

Raphael Lima foi o responsável pela criação do Instituto Kailua (IK). Seu espírito empreendedor deu vida a um projeto idealizado em 2014 e finalmente colocado em prática em 2017.

O Rapha também atua como professor de inglês (CELTA - Cambridge), coach de carreira (SLAC - Sociedade Latino Americana de Coaching), Gerente de Projetos (PUC-Minas), Mentor de Negócios pelo próprio IK e também como assessor de imprensa de uma Missão Diplomática no Rio de Janeiro.

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