Ditadura do bem-estar
Você com certeza já deve ter visto pela internet expressões como “mindfulness”, “wellness”, que remetem ao bem estar. Hoje em dia, parece que tudo precisa ser positivo. Uma vida feliz é uma vida em que o corpo e mente estão equilibrados. Meditação, yoga, exercícios, água, boa alimentação, terapia em dia, relacionamentos saudáveis, bons hábitos, etc. Seria a fórmula perfeita se não fosse uma grande mentira.
É quase impossível, nos dias atuais, um indivíduo conseguir balancear tudo isso junto a uma rotina de trabalho quase sempre exaustiva, contas que parecem que só aumentam, alimentos cada vez mais caros, um planeta que caminha para uma possível devastação. Quem está completamente saudável no nosso mundo moderno? Ninguém. Algumas pessoas podem até vender essa ilusão em suas redes sociais perfeitas, mas a verdade está longe disso.
E o pior: sentimo-nos culpados pela nossa própria infelicidade sem nem mesmo nos questionar de onde vem tal sentimento. O sistema nos culpa por um sentimento de frustração suscitado pelo próprio sistema. Daí vêm aqueles papos muito presentes em redes sociais: não desista, saia da zona de conforto, se desafie, entre outros. Como se seguir nossos “sonhos” ou ser feliz fossem de única e exclusiva responsabilidade do indivíduo, o que sabemos que não é. Existem diversos outros fatores nessa equação.
Outra grande questão associada a esta: saúde versus estética. Dois conceitos que têm se misturado completamente nos últimos anos, muito motivado por essa ditadura do bem-estar. Esse estilo de vida totalmente estetizado, que viraliza nas redes, muitas vezes é apenas uma mentira. O corpo “perfeito”, alcançado, em teoria, através de boa alimentação e exercícios, na verdade é obtido através de procedimentos estéticos altamente invasivos e agressivos.
O bem-estar completo inclui viagens para lugares paradisíacos, refeições belíssimas de restaurantes caros ou preparados por algum profissional, procedimentos de beleza, cristais, óleos essenciais, hidratações, horas gastas em terapia, constelação familiar, tarot, astrologia, milhões de seguidores, fotos em ângulos perfeitos, e por aí vai. É uma indústria que movimenta muito dinheiro. E é um bem-estar extremamente elitista e longe da realidade da maioria da população mundial. Quanto eu preciso pagar para me sentir inteiramente feliz (segundo o que é descrito em redes sociais)?
Essa necessidade constante de estarmos “bem” pode acabar adoecendo. Não se aceita mais estar triste ou ter momentos de frustração. E isso acaba levando a um despreparo para lidar com determinadas emoções. O que pode conduzir a problemas como depressão ou ansiedade.
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Tags do artigo: ditadura do bem-estar, estereótipos, falsa felicidade, padrões de vida, positividade tóxica,